
Publicado no G1 em 29/06/2007.
''ALUNOS QUEREM ENTRA NA JUSTIÇA CONTRA DECISÃO DA UFRGS SOBRE COTAS''
O movimento contra cotas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pretende entrar com uma ação na Justiça contra a decisão do Conselho Universitário que aprovou a reserva de vagas no vestibular da instituição nesta sexta-feira (29).
Segundo Anderson Gonçalves, coordenador do movimento, a aluna Claudia Thompson, que faz parte do conselho, pediu vistas do processo durante a reunião desta sexta e teve a solicitação negada pelo reitor, José Carlos Ferraz Hennemann.
"Isso é contra o regulamento da universidade. Ela tinha o direito a vistas e ganharia dez dias úteis para apresentar um relatório", afirmou Gonçalves. Cláudia já tinha entrado com processo na Justiça para tentar adiar a reunião do conselho.
A assessoria de imprensa da UFRGS diz que não houve irregularidade e que aluna pediu vistas após o momento que era destinado a esse tipo de procedimento. Segundo a assessoria, não houve irregularidade alguma, pois o reitor não poderia conceder a solicitação, segundo as normas do conselho.
Gonçalves diz que seus advogados devem entrar com processo judicial na próxima semana contra o que houve na reunião do conselho e também para derrubar a decisão de adotar reserva de vagas na universidade. "No nosso entender, cotas é racismo porque separa as pessoas pela cor e a Constituição diz que 'todos são iguais perante a lei' ", afirmou.
Questionado sobre a alegação dos grupos pró-cotas que dizem ser uma forma de reparar um preconceito histórico contra o negro, o estudante afirmou que não é justo outras pessoas pagarem pelo o que não fizeram. "Essas pessoas [alunos] não cometeram nenhum crime histórico e vão perder suas vagas por causa disso. O governo deveria melhorar o ensino fundamental e médio e não cotas",
Reserva de vagas:
A reserva de vagas será implantada a partir do vestibular 2008. Pelas novas regras, 30% das vagas serão destinadas a egressos de escolas públicas, e, metade dessas devem ser ocupadas por candidatos negros. O sistema de cotas deve ficar em vigor durante dez anos.
Uma pesquisa feita pela universidade com os ingressantes de 2006, mostrou que apenas 6,35% dos 2.677 alunos se declaravam negros. De acordo com a UFRGS, isso é menos que a participação de negros na população gaúcha, que é de 12,8%.
Polêmica:
A votação da criação do sistema de cotas na UFRGS foi parar na Justiça. O reitor da universidade, José Carlos Ferraz Hennemann, conseguiu reverter na manhã desta sexta uma liminar concedida na quinta-feira (28) à noite pela Justiça Federal adiando a votação do projeto.
A liminar que interrompia a votação do projeto de cotas foi concedida pela juíza Paula Beck Bohn, da 2ª Vara da Justiça Federal, depois que a aluna Claudia Thompson entrou com uma ação alegando que a UFRGS não havia cumprido o prazo de cinco dias úteis para que os membros do conselho pudessem avaliar a proposta. Tentamos falar com o advogado Caetano Cuervo Lo Pumo, que representa a aluna, mas ele não foi localizado.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal, a juíza reconsiderou o pedido porque o reitor da UFRGS provou que a reunião dessa sexta-feira era a continuidade de uma reunião que foi iniciada no dia 15 de junho e que os conselheiros estavam cientes de que a proposta inicial do projeto sofreria mudanças.
O projeto inicial foi apresentado dia 15 e seria votado no dia 22 deste mês. Como houve várias emendas e recomendações, o projeto foi retirado e reapresentado pelo reitor com alterações. Desta forma, a Justiça entendeu que o prazo de cinco dias já foi cumprido.
Vigília e protesto:
Um grupo de aproximadamente 30 estudantes manteve uma vigília em frente à reitoria da UFRGS durante toda a madrugada. Eles defendem a aprovação do sistema de cotas para negros e índios como medida afirmativa e de enfrentamento às desigualdades sociais e ao racismo. Eles estavam confiantes de que um recurso da universidade garantiria a realização da votação da proposta ainda nesta sexta.
No final de tudo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul dá um passo importante no combate ao racismo e às desigualdades sociais, étnicas e políticas que ora vigoram na sociedade brasileira. Por 43 votos a favor e 27 contra foram aprovadas as cotas étnico-raciais e sociais na Universidade. A proporção estabelecida foi de 15% para auto-identificados negros, 15% para egressos de escolas públicas e 10 vagas para indígenas.
- Bem, acho que não há negros na universidade, simplesmente, porque as pessoas negras que irão vestibular têm menos anos de estudo do que os brancos e em escolas de pior qualidade. Seguindo essa lógica, a solução não é encontrar mecanismos para corrigir distorções e incluir esses historicamente prejudicados indivíduos na educação superior. É esperar que o sistema de educação fundamental melhore (ou se alguém está com pressa, que mude de bairro e entre numa escola de qualidade!).
- Mas então, que vocês acham, a UFRGS agiu corretamente no fato de aceitar as COTAS?? ou ela acabou se precipitando e deveria não ter aceitado as cotas??...Eis aí a questão...
Jonathan Assumpção
3 comentários:
Eu penso que se a etnia negra faz tanta questão de igualdade social, não deveria aceitar isso.
A intenção pode até ser boa, mas isso só agrava o preconceito das pessoas.
Mesma coisa é o dia da consciência negra, em São Paulo, são medidas que tentam integrar os negros na sociadade, mas acabam dando motivos para as pessoas fazerem piadas do gênero "Negro médico só depois das cotas."
É tudo isso é mt polêmico pq é uma faca de dois gumes na medida em que gera preconceito. Mas acho o teu comentário Jonathan preconceituoso qf fala que mudem de bairro e de escola, alias nem entendi???? As pessoas não tem opção, e é essa a questão!!! Outra coisa é que melhorar o ensino fundamental, dar acesso á educação de qualida de a todos ainda é uma utopia no nosso pais e os jovens negros, brancos, vermelhos estao vivendo o hoje, o que fazer??? Bjs
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